Ivete Sangalo deve dar um tempo no sotaque baiano e na carreira de atriz - atualmente ela está no ar como Maria Machadão em Gabriela. A música e a latinidade fazem parte de seu novo projeto, o álbum Real Fantasia, apresentado aos jornalistas em São Paulo nesta terça-feira. Marcado pela parceria com Shakira, na faixa Dançando, o novo disco mira no mercado internacional e vai ser lançado a poucas semanas do Grammy Latino. Ivete acumula quatro indicações na premiação e vai subir ao palco da cerimônia para cantar.
No entanto, ela não esqueceu os brasileiros e deixou claro que não pretende largar o osso de musa do carnaval baiano. “Acho que uns 80% do disco será executado no carnaval”. Com seu habitual bom humor, a cantora falou sobre a sensualidade das fotos de divulgação do álbum. “O ritmo latino é sensual naturalmente, por isso as fotos seguiram a mesma proposta. Eu sou uma mulher real que, entre quatro paredes, realiza tudo o que é fantasia”, brincou.
Confira a entrevista exclusiva de Ivete Sangalo ao site de VEJA:
O que buscava quando pensou no disco novo?
O disco está todo latino, mas foi algo involuntário, assim como tudo o que eu faço. A palavra mais legal da minha vida é surpresa, adoro a novidade e o disco me traz isso. É um disco que fala de amor e de alegria, temas mais frequentes na minha vida. Sou uma mulher de sofrimentos muito fortes, mas aprendi a lidar com isso. É um disco feliz, cheio de minhas influências rítmicas preferidas, como o samba reggae, as salsas, as guajiras, os zoukes, que têm uma presença muito intensa nas composições da minha carreira. E tem as canções mais românticas, que também fazem parte da minha carreira e contam histórias de amor minhas ou vividas por outros.
Vai investir novamente numa carreira internacional?
A carreira no exterior é muito semelhante ao trabalho no nosso país, do ponto de vista de investimento. É uma rotina que exige atrair os fãs, entender qual é a conexão das pessoas com o que você faz, conquistar a comunidade brasileira que vive lá fora e os nativos com uma música nova, cheia de personalidade. Não é algo assim: “ah, fiz o DVD em Nova York agora é só ‘how are you?’ e ‘book is on the table’”. Acabei de voltar de uma turnê pela América do Sul, passei por Argentina, Paraguai, Uruguai e quero expandir. Mas o desejo por expansão é o mesmo que sinto em relação à minha carreira no Brasil, preciso ter um trabalho com a turma de rádio, de televisão, de imprensa, um contato real com os fãs de fora e levar minha música. É um trabalho que não acaba.
O que significou a apresentação no Madison Square Garden?
Foi um dos grandes desafios da minha vida por ser um trabalho para a vida toda, um registro, que os fãs vão poder assistir nas suas casas. O desafio, na verdade, foi lidar com a expectativa de fazer o melhor para a minha felicidade e para os meus fãs. Sentia falta de ar antes de entrar no palco, de tanta ansiedade, mas tudo dentro de uma energia muito alegre. Foi uma das maiores experiências da minha vida, por ser em Nova York, uma cidade cosmopolita, com milhões de culturas no mesmo espaço. Estar naquele lugar emblemático, no Madison Square Garden, foi uma coisa que até despertou a vaidade. Fiquei meio metida.
Está confiante de que vai vencer nas indicações do Grammy Latino?
Eu não sei nem se eu estou confiante, mas estou exibida, falando disso em todo buraco que eu chego. Depois da minha apresentação eu nem sei o que vou fazer, eu vou beijar a mim mesma.
Por que o sertanejo estourou lá fora e o axé não?
Assim como a vida, a música tem que ter lugar para todo mundo. É um momento muito bem-vindo porque a música tem que gerar oportunidades para trabalhos diferentes. Daqui a pouco a gente vai ouvir outro segmento, mas nada disso tira o prestígio de cada artista no exercer da sua paixão. Eu fico muito feliz pelo momento especial vivido por Michel Teló porque ele merece, é um grande intérprete, compositor, toca um instrumento lindo, é uma figura gostosa de se ouvir e de se ver.
Pretende repetir a experiência como atriz?
Foi tão bom que sofri no último dia de gravação. Foi uma experiência revigorante, uma descoberta. Durante esse tempo que interpretei a Maria Machadão tive a oportunidade de conhecer a personagem e criá-la dentro de mim. Para conseguir me dissociar de Maria Machadão tinha que tomar um banho emocional. Quando eu recebia os textos, chorava, sofria, defendia a personagem. Eu ligava pro Walcyr Carrasco e perguntava por que ela estava sofrendo tanto. Foi muito linda a convivência com grandes atores, uma direção impecável do Maurinho (Mauro Mendonça Filho), o próprio Walcyr foi extremamente generoso com os textos e aumentou a história de Maria Machadão, deu um romance a ela. Os novos projetos vão existir, mas eu mesma me fechei um pouquinho. Eu preciso passar por esse processo de esquecer, não quero correr o risco de buscar a personagem na vida real. Eu quero estudar, quero amadurecer.
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