Como se não bastasse a carreira a mil como cantora, Ivete Sangalo agora assume de vez sua porção atriz. Essa baiana arretada estreia dia 19 de junho, na TV Globo, em “Gabriela”, como Maria Machadão, uma ex-prostituta dona de cabaré. “Tô apaixonadinha por essa onda”, assume ela.
Você é representante legítima da baianidade na novela…
É verdade… Massa! Mas tem mais de dez atores baianos no elenco: Jackson Costa, Emanuelle (Araújo), Ildi (Silva)…
Ivete tem um quê de Gabriela?
Ah, Gabriela é desprendida… É uma mulher de sensações, não segue rituais, goza da vida ao seu bel-prazer. Vai vivendo, pouco sofre. Também sou assim. Ando sem maquiagem, lavo o cabelo e vou pra rua do jeito que estou, de chinelo e vestidinho. Sou mulher das coisas simples. A diferença é que ela saboreia situações sem prever as consequências, eu sou mais prudente.
E você tem muito da sensualidade à flor da pele…
Uuuuiiii! (risos) Totalmente! É que sex appeal nada tem a ver com estética, e sim com personalidade. Você pode estar maquiadíssima, arrumadíssima, num salto 15, e nada. Por outro lado, estar com um vestido de chita, pés no chão, e falar com o corpo, com o jeito. Tudo é atitude. Pronto, eu tenho isso de Gabriela.
O que existe de verdadeiro nas teorias sobre os baianos?
O baiano é muito dócil, ufanista até a alma. Pra ele, a Bahia é o melhor lugar do mundo. E tem uma explicação técnica para a nossa malemolência: somos um povo de praia, de terra quente. Então, das duas até as quatro horas da tarde, o bicho pega…
Você tem essa preguicinha?
Não é preguiça, é calma. Baiano é igual jatinho: de longe parece devagar, mas de perto é uma velocidade da porra! Sou a prova viva disso. Trabalho demais e ao mesmo tempo sou calma. Então, não é ser preguiçoso, é ter uma visão mais evoluída da vida.
Como está sendo a experiência como atriz?
Ah, pirei! Tô apaixonadinha por essa onda. Bom demais brincar de fantasia! Tenho aprendido e recebido muito carinho, impressionante!
Teve dificuldade para decorar texto, olhar certo pra câmera…?
Não… Meu trabalho como cantora já gira em torno de memorizar, me posicionar e tal. Tenho aprendido a marcação da luz, oferecer para o outro ator um ambiente confortável. Maurinho (Mauro Mendonça Filho) é um diretor muito carinhoso, calmo e, acima de tudo, objetivo. Ele já chega com a cena pronta.
Tem gravado com qual frequência?
A primeira vez em estúdio foi por quatro dias seguidos; agora, mais três. Sempre no pancadão, por conta da minha agenda. A gente tratou disso antes, eles concentraram as cenas que mais têm Machadão. E me dão noção da continuidade, me colocam na emoção do que gravei antes.
E quanto às críticas? Está preparada para recebê-las?
Tô nada, minha filha! (risos) Se alguém falar mal de mim, ligo pra Fagundes e ele toma providência! (gargalhadas)
O autor Aguinaldo Silva já se manifestou contrário, dizendo “cada um no seu quadrado”…
Eu vi. Mas ele se justificou, disse que é louco por Eloisa Mafalda (a atriz interpretou Maria Machadão na primeira versão de “Gabriela”, em 1975). Tá tudo certo. Só que eu tô ótima em cena. Ele vai ficar orgulhoso de mim!
Como é Maria Machadão?
Cheguei com receio, mas ela foi fluindo. Uso peruca, tá? Machadão é exuberante, ganhou dinheiro, viaja muito. Naquela época, quem usava peruca era chiquérrima! Mas para saber mais sobre ela, só assistindo à novela!
Houve mudanças significativas na sua agenda para comportar essa nova fase de atriz?
Depois que me tornei mãe e esposa, dei uma priorizada na família. E o parceiro é parceiro mesmo. Conversei com ele: “Sabe esses dias nossos aqui? Em vez de cinco vamos ter dois juntos, mas depois eu compenso. Nem se preocupe que Machadão volta pra casa gostosa!”. Só que com o filho é full time, não tem negociação. Eu organizo tudo, ele almoça, dá aquela cochilada e vem comigo pro estúdio. E as gravações são sempre em início de semana, pra não bater com os shows. Depois do meu aniversário (hoje), vamos pra Lisboa. Tá tranquilo, tá massa! Organizei meu baba (na Bahia, baba é futebol, pelada).
Extra
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